quinta-feira, 19 setembro 2024
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Anthony Bourdain era uma das figuras mais autênticas da TV

Apresentador e chefe de cozinha, ele não se restringia a ensinar receitas e indicar restaurantes e ainda explorava a comida do ponto de vista sociológico

Anthony Bourdain era uma das últimas figuras subversivas e realmente autênticas da TV mundial. Por isso sua morte precoce, aos 61 anos na manhã desta sexta-feira (8), é, desde já, uma das perdas mais lamentáveis na mídia no ano de 2018.

Em 20 anos de carreira na TV, o chefe e apresentador conseguiu falar sobre comida e viagens de uma maneira que interessava até mesmo quem não pretendia sair de casa para desbravar o mundo e nem gastar fortunas para se alimentar.

E melhor: despido do elitismo que ronda a alta gastronomia, ele apresentou aos telespectadores que o acompanhavam em programas como No Reservations que era possível, sim, comer bem sem gastar muito.

Isso porque Bourdain, antes de mais nada, era um verdadeiro entusiasta da comida de rua e das receitas tradicionais e populares de cada país que visitava.

Mais do que mostrar os inacessíveis restaurantes cinco estrelas – coisa que qualquer programa metido a gourmet já faz -, a ideia dele era poder conversar com um pedestre na rua, conhecer pessoas, ir em lugares ermos de cidades inóspitas e encarar comidas preparadas em condições insalubres, que fariam qualquer churrasco grego parecer um exemplo de boa condição sanitária.

Não tinha tempo ruim e nem frescura com ele. O que é um trunfo em um momento do mundo que qualquer receita simples só passa a ser aceita se ganhar o selo da gourmetização.

Qualquer parte do mundo era agradável para esse rockstar das cozinhas se deliciar com coisas simples. Se tivesse uma cerveja ou caipirinha para acompanhar, Bourdain encontrava a combinação perfeita para gravar os episódios de sua série, às vezes até mesmo meio breaco.

Em uma das vezes que veio ao Brasil, encarou não só nossa mais popular bebida alcoólica na praia como um típico turista gringo que vai ficar vermelho com meia hora de sol, como também foi comer uma feijoada na casa da família Gracie. E já que estava aqui, aproveitou para acompanhar a mulher em uma luta de Jiu Jitsu. O que isso tem a ver exatamente com gastronomia? Nada. E é por isso que o programa dele era tão diferente e popular.

Já em outras viagens, Bourdain mostrava que, para curar a ressaca, não adianta inventar: um sanduíche de pernil em qualquer boteco na madrugada vai ser a melhor opção para saciar a fome e diminuir os efeitos dos exageros da noite anterior. Eu não esperava ver essa receita que fez a fama do Bar do Estadão nos fins de noite de São Paulo ser reforçada por um gringo. Mas entendi que muitos paulistanos estavam corretos a vida toda.

Bourdain também escreveu. E não só sobre comida. Era a típica figura pública que podia ser chamado para opinar sobre qualquer assunto, que com certeza teria alguma opinião interessante e que fugia das obviedades dos debates de celebridades na TV.

É triste que ele tenha ido tão cedo exatamente por causa disso. Ali ainda existia potencial para muita produção. No entanto, a obra dele em livros e programas de TV serão eternas, não estão defasadas e são facilmente encotradas no YouTube e Netflix, para quem ainda não o conhecia.

Fonte: R7.com

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