O Conselho de Graduação (CoG) da Universidade de São Paulo (USP) aprovou, na última quinta-feira (17), mudanças no processo seletivo da Fuvest. A principal alteração é a diminuição de três dias de prova para dois na segunda fase. Além disso, vão ser modificadas as inscrições, que passam a ser por modalidade. O número de candidatos convocados para segunda fase vai aumentar e o processo de reescolha será extinto.
Entre os possíveis impactos causados pelas novidades professores de cursinhos ouvidos pelo G1 apontam uma tendência na diminuição das notas de corte e um aumento na dificuldade das provas, além da exigência de mais preparação para as provas específicas. No planejamento de estudos, pouca coisa muda.
Veja o calendário da Fuvest 2019
- Inscrições: início em agosto de 2018
- 1ª fase: 25 de novembro de 2018
- 2ª fase: 6 e 7 de janeiro de 2019
Segunda fase mais enxuta
De maneira geral, a diminuição de três para dois dias de prova, com a exclusão do dia das disciplinas gerais, é avaliada de maneira positiva pelos professores. Marcelo Dias, coordenador do cursinho do Etapa, entende que logisticamente a mudança vai ajudar muito os alunos, já que eles poderão, passada a primeira fase, intensificar o estudo de português e redação e das disciplinas específicas.
Outro benefício, de acordo com Vera Antunes, coordenadora do cursinho do Objetivo, é em relação ao estresse dos candidatos. “Se você olha os outros anos, normalmente, a pior nota era a do segundo dia. Eu acredito que fizeram muito bem em tirar, porque o terceiro dia são as disciplinas da carreira mesmo, que o aluno, normalmente, tem mais afinidade, é muito mais pertinente”, disse.
Uma novidade que pode impactar na preparação para o processo seletivo é que na prova específica a quantidade de disciplinas passou de duas a três para duas a quatro, a critério de cada unidade da USP. Vinícius Carvalho Haidar, coordenador do Poliedro, diz que não tem como prever como cada unidade vai reagir a essa nova diretriz. “São várias possibilidades, os alunos têm que aguardar”.
Mas, apesar disso, Marcelo, Vera e Vinícius ressaltam não é preciso desespero, já que, como até o dia da primeira fase os candidatos devem continuar estudando todas as disciplinas do ensino médio, pouca coisa muda no planejamento de estudos. “Antes de se preocupar com a segunda fase, o candidato precisa garantir a primeira, que continua cobrando todas as matérias. É preciso concentrar na primeira fase”, lembrou Vinícius.
Na percepção de Marcelo, apesar de ser boa, a mudança exige que o vestibulando esteja mais preparado para fazer a prova da carreira do que em anos anteriores, já que uma das notas que compunha a nota final deixa de existir e fica mais difícil desempatar. “Como há muitos empates, não ter o antigo segundo dia exige que o aluno vá melhor nas disciplinas específicas para que ele possa compor a nota com o primeiro dia”, explicou.
Inscrição por modalidade
A partir deste ano, a Fuvest adotará inscrições por modalidades de vagas (ampla concorrência, escola pública e pretos, pardos e indígenas) já a partir da primeira fase do vestibular.
Para o ingresso em 2019, de acordo com o estabelecido pelo governo do Estado de São Paulo, a USP reservará 40% de suas vagas, por curso, para estudantes de escola pública, considerando Fuvest e Sisu. Dentro dessa porcentagem, 37,5% de reserva de vagas para pretos, pardos e indígenas.
Isso acaba com o sistema de bônus para alunos de escola pública que existia desde 2006. O sistema dava um acréscimo de 5% a 20% na nota do estudante, dependendo da modalidade. Marcelo explica que como a concorrência está, automaticamente, sendo colocada entre pessoas de um grupo específico, aquilo que o bônus representava está embutido nas cotas e que, por isso, não há prejuízos.
Para Vera, o novo sistema “unifica e torna a chamada da Fuvest mais homogênea. É um método mais justo para avaliar conhecimento e preparo”.
Mais gente na 2ª fase
A partir deste ano, em cada carreira, serão chamados para a segunda fase quatro vezes mais candidatos que o número de vagas da carreira. Antes, o máximo era até três vezes. O impacto disso será a convocação de mais 11 mil estudantes para a segunda fase.
Vera explica que, matematicamente, a tendência é que a nota de corte caia, apesar dela ser influenciada por vários outros fatores, como a dificuldade da prova, por exemplo.
“Eles chamando mais gente a tendência é que ocorra uma diminuição da nota de corte, o que deixa o processo mais democrático, porque muita gente boa ficava presa na primeira fase”, complementa Marcelo.
Os professores explicam que, entretanto, o número maior de aprovados pode influenciar a dificuldade das provas da segunda fase. “Para manter o poder de seleção, ou amplia o número de questões, ou mexe no grau de dificuldade, aumentando o nível. Por isso o aluno vai ter que correr mais atrás das disciplinas específicas”, concluiu Marcelo.
* Com supervisão de Paulo Guilherme
Fonte: EPTV Campinas