A covid-19 é uma doença que foi descoberta ao final do ano de 2019.
Possivelmente o seu início tenha sido através do contágio entre uma espécie de mamífero
e o ser humano. O mais provável é que esse contato tenha ocorrido no mercado de Wuhan,
província de Hubei. Desde então milhões de pessoas ao redor do têm sido infectadas e
outras centenas de milhares mortas. Universidades, grupos de pesquisas e governos ao
redor do mundo tem se aplicado para encontrar uma possível solução para essa que é a
maior pandemia desde da gripe de 1918. Mas como esses esforços estão feitos?
Para entendermos isso, devemos entender um pouco mais sobre o que é a ciência
e como ela é construída. A ciência nada mais é do que uma ferramenta para entendermos
a realidade que nos cerca. Nas palavras do cientista e pensador Carl Sagan – uma das
poucas pessoas que eu realmente gostaria de ter conhecido – “Nós somos uma maneira
do cosmos conhecer a si mesmo”. Por isso, a ciência é uma invenção uma que funciona
nas fronteiras entre o que conhecemos e o desconhecido. Portanto, são pessoas que
conhecem muitas coisas e desconhecem outras tantas. Ou seja, uma pessoa normalíssima
sob esse ponto de vista.
Pensem em uma lanterna. Para ela iluminar a escuridão, precisa estar com baterias
novas, lâmpadas funcionais, tampas rosqueadas e deve estar posicionada de maneira
correta, afinal de contas não queremos que a lanterna ilumine por onde passamos, mas
por onde devemos passar. Para a ciência funcionar, precisa que suas partes estejam
encaixadas perfeitamente e ser posicionada corretamente. Mas diferente das lanternas, a
ciência pode ser utilizada para iluminar o nosso passado. Se a ciência pode iluminar
passado, presente e futuro, o que orienta o seu uso?
Dúvidas. Para Sagan “A dúvida foi a primeira virtude humana” e a partir dessa
virtude que é possível a formulação de perguntas. Ou seja, se você não duvida, não faz
pergunta e se não as faz não tem a possibilidade de conhecer. Mas entendam duvidar é
diferente de negar. “Será que você está certo?”ou “O que faz você pensar que está certo?”
nunca deve ser confundido com “Você está errado” ou ainda “Todos os cientistas estão
errados”. Além disso, e por nascer da dúvida que a ciência não deve trilhar o mesmo
caminho da fé. Ter fé no desenvolvimento científico a ponto de achar que a ciência é algo
milagroso é um engano. Não é por que nós acreditamos na cura milagrosa de um remédio
que isso de fato ocorre. Afinal de contas “A ciência está atrás do que o universo realmente
é, não do que nos faz sentir bem.” (Carl Sagan).
Feitas as perguntas, é hora de o cientista criar as suas respostas. Essas são
temporárias (uma vez que podem ser desfeitas) e chamadas de hipóteses e são geradas a
partir do que o cientista já conhece. Todos os experimentos utilizados, ou observações
feitas e dados coletados serão utilizados para apoiar a hipótese ou refutá-la. Aqui está a
porção mais difícil do trabalho científico: abandonar opiniões particulares e o carinho
pelas hipóteses se todos os resultados apontam para a incorreção delas.
A partir das suas hipóteses confirmadas pelo trabalho árduo do cientista no
laboratório, ele vai por tudo isso a prova anunciando seus achados, publicando-os, para
os demais cientistas da área analisar, se possível reproduzir experimentos e constatar por
eles próprios se as hipóteses geradas são verdadeiras. Todo esse processo custa tempo,
trabalho de muitas pessoas e o abandono das crenças pessoais de cada um dos envolvidos.
Podemos notar o quanto é trabalhoso, quando tomamos como exemplo a Covid19. A doença foi descoberta em dezembro de 2019 e precisou de 6 meses árduos de
trabalho para cientistas do mundo inteiro pudessem coletar dados suficientes sobre agente
causador, sintomas, desenvolvimento da doença, contágio para que pudéssemos ser
capazes de propor estudos mais robustos a respeito da eficiência de medicamentos na cura
da covid-19. Qualquer decisão tomada, por autoridades, grupos e pessoas a respeito de
medicamentos que curam a covid-19 é feita na crença em resultados. Por isso é como
abandonar a lanterna e saltar no escuro, na confiança em algo diferente da realidade.
Quando se toma tal atitude, resultados tornam-se imprevisíveis e podemos ser
contrariados nas nossas expectativas. “O QUE FAZEMOS COM O NOSSO MUNDO,
AGORA, SE PROPAGARÁ ATRAVÉS DOS SÉCULOS E AFETARÁ
PODEROSAMENTE O DESTINO DE NOSSOS DESCENDENTES.” (Sagan –
“Jornadas no Espaço e Tempo”, oitavo da série Cosmos: A Personal Voyage em 1980)