Reflexos provocados por greve dos caminhoneiros afeta atividades econômicas.
A falta de combustíveis em postos da região de Campinas (SP), em virtude da greve nacional dos caminhoneiros, provocou prejuízos para a economia da região. Houve comprometimento de atividades do agronegócio e uma fábrica precisou dar férias coletivas aos funcionários.
Uma das maiores fabricantes de espetinhos de carne no estado, com sede em Vinhedo (SP), deixará de produzir 50 mil unidades por dia, diante dos reflexos do protesto. Além disso, liberou os 120 profissionais até que a situação seja normalizada. “Começa a faltar tudo, matéria-prima que não chegou, produtos de higienização em caminhões parados […] Tem que ser férias coletivas porque a gente não tem expectativa de quando vai voltar”, conta a gerente industrial Lisandra Toledo.
A EPTV, afiliada da TV Globo, foi até uma fábrica de entregas, onde houve alta de 20% na demanda por serviços. Entretanto, ela precisou cancelar 800 pedidos, manteve automóveis nas garagens e restringiu o raio de atendimento para até 40 km de distância, por meio de motocicletas.
Nas padarias, o custo de produção subiu e estabelecimentos já registram faltas de produtos como leite, frios, carnes e legumes. Para evitar desabastecimento, os comércios buscam compras alternativas. “Compra-se mais caro, conta com os parceiros e segura para não repassar ao cliente”, explica Frederico Bassi, que atua como gerente em uma loja na região.
Outro problema relatado em Campinas é a falta de gás de cozinha e, de acordo com o sindicato que representa as distribuidoras, a maioria das empresas está sem estoque. Em uma das revendedoras da cidade, uma placa destaca a falta do produto, mas clientes chegam a todo momento.
“Toda hora a gente precisa falar com o pessoal”, lamenta o motorista Josimar Ferreira de Souza.
Agronegócio
O frigorífico de uma cooperativa de produção agropecuária, em Holambra (SP), ficou vazio nesta sexta-feira (25) por causa de reflexos do protesto. O presidente da Associação Paulista de Avicultura, Érico Pozzer, afirma que nunca presenciou situação semelhante ao longo de 20 anos.
“Estamos passando por uma situação muito difícil, estamos com a empresa parada, são 500 funcionários em casa, muitos deles preocupados”, ressalta. As câmaras frias estão lotadas de mercadorias e a cooperativa não tem como entregar as mercadorias aos compradores.
“Temos vários caminhões parados nos bloqueios, já perdendo a carga”, lamenta o presidente.
Os reflexos também chegaram ao campo. Uma granja, em Holambra, deixou de abater 80 mil frangos nesta sexta-feira, porque os caminhões que fariam o transporte dos animais não chegam até a fazenda por falta de combustíveis ou em virtude de bloqueios nas estradas. Com isso, o procedimento foi adiado para segunda-feira e o prejuízo ainda não foi calculado.
Em Campinas, a Ceasa registra problemas no abastecimento e somente 45% do total de produtos comercializados foram descarregados no entreposto. Já na unidade em Piracicaba, apenas alguns veículos conseguiram chegar com mercadorias após alterar rotas para fugir das interrupções.
Uma lavoura de tomates em Sumaré (SP) foi beneficiada pelo atraso na maturação por causa de questões climáticas. Contudo, das 1,5 mil caixas colhidas diariamente, somente um terço foi entregue nesta sexta-feira, e há risco de perda nos próximos dias, se o cenário não for alterado.
“Vou ter que doar. Para vender, vai ser difícil”, falou o produtor Adalberto de Freitas.