Um dos principais pilares de um Hospital Amigo da Criança, título que o Hospital
Municipal de Itapira possui desde 1999, é cumprir os 10 passos para o sucesso do
aleitamento materno e dentre eles fazer com que o contato da criança com a mãe
aconteça logo nos primeiros minutos após o parto. O chamado contato pele a pele e a
amamentação na primeira hora de vida são fundamentais para o vínculo entre mãe e
filho.
Porém, em casos de partos por cesárea nem sempre a mãe consegue ter esse
contato com a criança imediatamente. E pensando na importância desse vínculo
afetivo familiar, o Comitê de Incentivo ao Aleitamento Materno do Hospital Municipal
decidiu iniciar na última semana um projeto de colocar a criança para o contato pele a
pele com o pai ou familiar mais próximo que esteja acompanhando a gestante.
A primeira experiência foi com Bruno Mathia Almeida, 30 anos. No último dia 2 de
março sua esposa Lucimara Oliveira Almeida, 34 anos, deu à luz ao primeiro filho do
casal: Heitor. Porém, o procedimento se deu por cesárea e Lucimara precisou ir para a
recuperação após o parto e a equipe decidiu colocar o recém-nascido em contato pele
a pele com o pai. “Ele já estava trocado e ela [enfermeira] me perguntou se eu queria
fazer o pele a pele com ele. Ela explicou que eles estavam iniciando o projeto e se eu
queria ser o primeiro pai a fazer isso. E ai eu perguntei como seria, porque não sabia”,
conto Bruno.
A enfermeira Júlia Moysés Breda Fraccarolli explicou a Bruno que o procedimento era
simples. Bastava ele tirar a camisa e se sentar em uma poltrona e segurar a criança,
também sem roupa. “Foi maravilhoso! Ele estava um pouco agitado por conta de todos
os exames, mas quando o peguei no colo ele foi se acalmando e se acomodando. Foi
quando eu entendi o porquê da importância desse contato. Quando eu comecei a falar
com ele a impressão é que ele reconhecia a minha voz. Ele foi se acalmando e se
colocando em posição fetal. E ali ele ficou quietinho e dormiu no meu colo. A primeira
pele que ele sentiu foi a minha”, relatou o pai.
Para a mãe da criança, esse contato, essa proximidade e a reação da criança traz
conforto emocional. “Eu sabia que meu filho estava bem e que estava com o pai. Mas
depois fiquei sabendo desse contato e achei muito legal, porque é uma segurança
extra que a gente tem. Todo mundo fala muito do contato com a mãe, mas fazer isso
com o pai é muito importante porque valoriza o contato com a família da criança. A mãe já tem esse contato com a criança na amamentação e fazer esse pele a pele com
o pai é muito importante também. Vai muito além de um simples colo”, avalia
Lucimara.
Sobre o seu primeiro contato com o filho, Lucimara disse que no primeiro momento em
que o viu teve um sentimento único. “Naquele momento eu soube que ele estava bem
e consegui sentir o que é realmente o amor de mãe”. Sobre a amamentação, ela disse
que a experiência foi única. “No Pré Natal nós já começamos a aprender sobre a
importância do aleitamento materno e de como isso ajuda no desenvolvimento da
criança. O trabalho da equipe do Banco de Leite é muito importante pra nós, porque
elas nos ensinam mesmo como fazer. E vai além dos dias que estamos aqui
internadas, a assistência não é apenas hospitalar, mas domiciliar também. Enquanto
estamos aqui nos sentimos protegidas e seguras. Mas em casa, principalmente por
ser o primeiro filho, temos essa insegurança e elas estão prontas para nos ajudar”.
Prioridade é do vínculo da criança com a família
Desde agosto de 2019, quando o Governador do Estado de São Paulo, João Doria,
sancionou a Lei da Cesárea – que garante às gestantes a possibilidade de optar pela
cesárea a partir da 39ª semana de gestação e a analgesia no caso de parto normal – o
número de cesáreas no Hospital Municipal de Itapira cresceu e colocou em cheque
uma das práticas do Hospital Amigo da Criança que é de ter esse contato pele a pele
imediato com a mãe e a amamentação nas primeiras horas de vida.
“Na semana anterior ao parto do Heitor, tínhamos feito uma reunião da Comissão do
Aleitamento Materno e decidimos tentar fazer algo diferente para continuar esse
contato pele a pele que estava se perdendo devido ao aumento de cesáreas. O
contato pele é para incentivar a amamentação, mas como na cesárea isso não pode
acontecer imediatamente por todas as questões técnicas, decidimos passar esse
primeiro contato com o pai”, explicou a enfermeira Júlia Moysés Breda Fraccarolli.
No “teste”, Júlia conta que falou com Bruno sobre a ideia e ele aceitou de imediato.
“De fato, o bebê foi se acomodando, se aconchegando e ficou de 20 a 30 minutos no
colo do pai. O semblante de satisfação do Bruno foi muito legal porque estamos
acostumados a fazer isso com a mãe no parto normal e ver essa reação com o pai foi
muito bom”.
Depois da primeira experiência, outros pais já participaram da mesma ação. “Eles
estão gostando muito da experiência porque normalmente o pai não participa muito desse momento. E acho que pra eles fica essa sensação de ter participado do
nascimento do filho”, analisa a enfermeira.
No dia do parto de Heitor, a equipe foi composta pelo Ginecologista Dr. José Alberto
Amaral Moino, o pediatra Dr. Celso Mendes, a enfermeira Júlia Moysés Breda
Fraccarolli e as técnicas Ana Flávia Moschim e Andresa Aparecida da Cunha Rocha.
O Comitê de Incentivo ao Aleitamento Materno é composto pela enfermeira
coordenadora do Banco de Leite Humano Juliana Bellinello, pelas técnicas de
enfermagem Rosana Raphael e Cláudia Valéria Nuciarone de Moraes, pela biomédica
Hosana Cristina dos Santos, pela médica pediatra Dra. Marta de Castro Narciso
Soares, pela enfermeira neonatologista Júlia Moysés Breda Fraccarolli e pela
fonoaudióloga Graciele Mendes.