Já vai longe o tempo em que o professor José de Oliveira Barretto Sobrinho formava atletas que se destacavam em provas nacionais e até no exterior. Naquele tempo era da rústica pista do IEEESO (Instituto de Educação Estadual Elvira Santos Oliveira), hoje apenas ESO, que saíam os campeões.
Valdir Barbanti, Paulo Roberto de Oliveira (Paulinho Teté), Gildo Henrique Piardi, Luís Antonio Simionato e tantos outros foram forjados ali, naquela pista de pedrisco no entorno do campo de futebol, tendo como vista ao fundo a linha do trem. De lá para as primeiras colocações em competições estaduais e convocações para seleções paulista e brasileira era um pulo.
Mas, quem pensa que tudo ficou no passado, sem continuidade, não conhece a história do atletismo itapirense. Dos atletas do professor Barretto muitos se tornaram profissionais na área de Educação Física, outros seguiram outras profissões, mas o trabalho segue e outros nomes fizeram ou fazem parte do contexto com resultados expressivos, dignos de estarem no ranking nacional de todos os tempos estabelecido pela CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), graças ao esforço, a dedicação e ao conhecimento de dois ícones do esporte de pista.
Ao longo do tempo a dupla formada pelos professores Rodrigo da Costa Vicente e Nivaldo Marques vem colhendo os frutos plantados diariamente nos treinos em diversas provas. E esses frutos colocam itapirenses entre grandes nomes do atletismo nacional como Adhemar Ferreira da Silva, Nelson Prudêncio, João Carlos de Oliveira (João do Pulo), Joaquim Cruz, Vicente Lenílson e tantos outros.
Uma pesquisa no portal da CBAt mostra a importância desse trabalho de Vicente e Marques. No ranking dos melhores resultados de todos os tempos do atletismo nacional, nove itapirenses marcam presença.
Além do lendário Renato Bortoloci Ferreira, formado pelo professor Barretto, e que fez história no seu tempo, nas décadas de 70 e 80, os outros oito saíram da escolinha da SEL (Secretaria de Esportes e Lazer). Nomes que ao longo do tempo foram esquecidos ou mudaram para outras localidades, mas que começaram nos treinos comandados pela dupla de professores. “Alguns já deixaram de competir, mas deixaram suas marcas, outros como o Tiago da Silva, ainda estão na ativa”, frisa Rodrigo Vicente.
As marcas históricas
Renato Bortoloci Ferreira tem dois resultados entre os 100 melhores do país. No salto com vara tem 5,20 como melhor marca, estabelecida em 1989, ocupando o 12º lugar. No salto em altura é o 40º com 2,13, marca obtida em 1978.
Pedro Franco de Almeida Lima, hoje professor em São José dos Campos, tem 4,60 no salto com vara (2012) e é o 55º, além de ser o 20º no decatlo com 7.370 pontos (2014). O salto com vara também tem Jonathan William Bellini, na 88ª posição com 4,40 (2012). “Lembro-me que, quando mais jovem, sem prova definida, pendia para a prova do salto em altura e logo depois para o salto com vara”, recorda Lima. “Esses dois (Rodrigo e Nivaldo) sentaram comigo e conversamos, me disseram bem assim – Pedro, você pode ir muito bem no salto em altura e no salto com vara também, chegar a bons resultados, mas no decatlo você pode ser muito maior, vai poder usar essas provas como aliadas e crescer dentro dele”.
Pedro Lima guarda muito bem as lições que recebeu dos professores. “O que levo sempre comigo, inclusive uso com meus alunos, e que aprendi com o Rodrigo e com o Nivaldo, é procurar ser o melhor onde podemos ser melhores”, frisa. “E eles acertaram, foram provas fundamentais e marcantes dentro do decatlo, mas que para disputa individual não seriam o suficiente. O que tenho a dizer desses dois são somente elogios e agradecimentos. Fazemos muita bagunça quando nos encontramos nas competições”.
Jonatas Donizete Moreira é o 46º no lançamento do martelo com 56,04 (2016). Dayara de Oliveira Germano cravou 13”99 nos 100 metros com barreira e é a 44ª com a marca alcançada em 2013.
Indira Cristina Biacchi Carvalho tem duas marcas no ranking, nas duas ela é a 41ª. Nos 20 mil metros seu tempo de atlética, no ano seguinte, ela fez 2h02’30”.
Cibele Rosa Dantas também tem espaço. No lançamento do martelo alcançou 54,21 em 2014 e é a 25ª. “Se fui atleta da Seleção Paulista e Brasileira devo aos meus primeiros treinadores Rodrigo e Nivaldo, que sempre me apoiaram”, agradece Cibele. “O atletismo pra mim foi muito importante no meu crescimento, não só como atleta, mas como pessoa. O esporte me levou a lugares que nunca imaginei ir, ter contato com pessoas de vários lugares e experiências únicas”.
O salto com vara feminino também tem itapirense no ranking com a marca de 3,30 de Isabelle Cristina Zanquetta de Souza, de 2018. Ela ocupa a 61ª posição.
E Tiago da Silva, que ainda compete em alto nível, é itapirense e começou na escolinha da SEL. “Tive uma boa iniciação esportiva, sempre gostei muito de esporte e quando tive a oportunidade de começar a treinar com a equipe da cidade com Nivaldo, Nathalia (Lima) e o Rodrigo não pensei duas vezes em me dedicar”, agradece Tiago. “Aprendi valores muito importantes para vida de um atleta, eles sempre ensinaram que o treino era importante pra ter grandes conquistas”.
Tiago da Silva, que há 10 anos reside na Capital paulista, integra o time de atletas que defendem o país mundo afora. “Foi na iniciação que eu aprendi que o esporte poderia mudar minha vida, sem precisar trapacear. O respeito pela as pessoas tanto dentro e fora das pistas”, revela. “Sou muito grato a eles por tudo que fizeram por mim e por fazerem eu me apaixonar por esse esporte lindo, que graças ao atletismo consegui fazer minha faculdade e hoje sou formado em Educação Física”.
Ele ocupa o 12º lugar no ranking do salto em distância com 8,09. A marca foi obtida em 2014.